A oposição à globalização não tem nada a ver com o comércio, mas com as movimentações financeiras entre países. Até manifestantes antiglobalização usam celulares da Nokia e imprimem seus protestos em impressoras Hewlett Packard. Ou seja, até eles aprovam o intercâmbio comercial entre os povos.
O que mudou é que, hoje, americanos e europeus podem investir os reais que recebem de suas exportações em dívidas do governo brasileiro ou na bolsa. Isso aumenta a demanda por títulos do governo e reduz os juros, que seriam ainda mais altos se não existisse esse influxo internacional.
O lado ruim é que qualquer deslize do governo ou frase infeliz de alguém importante gera pânico e rápida movimentação financeira internacional desses neo-investidores. É como se o leitor colocasse a mão numa toca à procura de ouro num país desconhecido. A qualquer raspão na pele, a mão sai a 100 quilômetros por hora, nunca devagarinho.
Portanto, o problema é o curto prazo, ter de agüentar a insegurança desses neo-investidores, que vivem com o dedo no gatilho. Com o tempo, espera-se que eles aprendam nossas idiossincrasias e que as fugas de capitais sejam bem mais brandas no futuro.
Nos últimos oito anos, adotamos soluções como "acalmar" ou "compensar" o medo desses investidores com juros elevados. Outras soluções sugeridas por aí passam por instituir a centralização do câmbio, criar uma CPMF internacional ou intervir na economia quando for preciso.
São soluções que não me convencem, porque sempre existirão pessoas que se assustam com o novo e que no início reagirão de maneira exagerada ao menor sinal de perigo. Volatilidade faz parte da vida - e sempre fará. O correto é conviver com ela, e não tentar impedi-la. O simples medo de uma possível "solução" econômica já assustou muita gente no Brasil de 1964 para cá.
Governos anteriores acreditavam que saberiam intervir inteligentemente no câmbio ou nos juros, a cada nova crise, o que nunca aconteceu. Melhor seria adotar a visão dos médicos e dos administradores financeiros, que é criar mecanismos de defesa muito antes de as crises acontecerem, o que nunca fizemos.
Nunca criamos reservas internacionais suficientes para enfrentar crises. Hoje temos somente 18 bilhões de dólares, dez dias de nosso PIB. Reservas financeiras substanciais compram tranqüilidade e tempo, já que nenhuma crise dura para sempre.
O segredo dessa postura administrativa é estimular cada empresa, cada família e o próprio governo a ter reservas financeiras suficientes para enfrentar as crises do futuro. Se uma crise pode durar um ano, não é muito difícil calcular as reservas necessárias para anular seus efeitos.
TODAS as crises foram nefastas para o Brasil porque nossas reservas sempre terminaram antes. Criar reservas nunca foi nossa prioridade; nossas prioridades são sempre econômicas, como essas "metas" de inflação. Tanto é que nossas reservas são novamente ínfimas: 18 bilhões de dólares. A China vive uma fase de prosperidade porque possui nada menos que 420 bilhões de dólares, o suficiente para enfrentar a pior crise que se possa imaginar.
Se você quer ter um celular, uma impressora e não quer viver assustado com capitais voláteis, proteja sua família criando uma boa reserva financeira.
Ninguém sabe como será o amanhã, exceto que teremos muitas crises pela frente. Se você tiver zero de reservas familiares, a crise o afetará 100%. Quanto mais reservas você tiver, menos ela o afetará. Quem enfrenta uma crise sem ter reservas acaba contraindo mais dívidas, como sempre acontece com o Brasil.
A não ser que ganhe um salário mínimo, você não tem desculpas para não ter uma reserva financeira constituída. Você tem a obrigação de proteger sua família da volatilidade da vida. Embora tentem, os governos nunca conseguirão defendê-lo a contento.
Vou bater na mesma tecla: crie um colchão de segurança que garanta entre seis e doze meses de sustento para você e sua família, e deixe que as crises passem ao largo. Justamente porque as reservas do Brasil andam baixas, você deveria se preocupar, e muito, em aumentar as suas.
O que mudou é que, hoje, americanos e europeus podem investir os reais que recebem de suas exportações em dívidas do governo brasileiro ou na bolsa. Isso aumenta a demanda por títulos do governo e reduz os juros, que seriam ainda mais altos se não existisse esse influxo internacional.
O lado ruim é que qualquer deslize do governo ou frase infeliz de alguém importante gera pânico e rápida movimentação financeira internacional desses neo-investidores. É como se o leitor colocasse a mão numa toca à procura de ouro num país desconhecido. A qualquer raspão na pele, a mão sai a 100 quilômetros por hora, nunca devagarinho.
Portanto, o problema é o curto prazo, ter de agüentar a insegurança desses neo-investidores, que vivem com o dedo no gatilho. Com o tempo, espera-se que eles aprendam nossas idiossincrasias e que as fugas de capitais sejam bem mais brandas no futuro.
Nos últimos oito anos, adotamos soluções como "acalmar" ou "compensar" o medo desses investidores com juros elevados. Outras soluções sugeridas por aí passam por instituir a centralização do câmbio, criar uma CPMF internacional ou intervir na economia quando for preciso.
São soluções que não me convencem, porque sempre existirão pessoas que se assustam com o novo e que no início reagirão de maneira exagerada ao menor sinal de perigo. Volatilidade faz parte da vida - e sempre fará. O correto é conviver com ela, e não tentar impedi-la. O simples medo de uma possível "solução" econômica já assustou muita gente no Brasil de 1964 para cá.
Governos anteriores acreditavam que saberiam intervir inteligentemente no câmbio ou nos juros, a cada nova crise, o que nunca aconteceu. Melhor seria adotar a visão dos médicos e dos administradores financeiros, que é criar mecanismos de defesa muito antes de as crises acontecerem, o que nunca fizemos.
Nunca criamos reservas internacionais suficientes para enfrentar crises. Hoje temos somente 18 bilhões de dólares, dez dias de nosso PIB. Reservas financeiras substanciais compram tranqüilidade e tempo, já que nenhuma crise dura para sempre.
O segredo dessa postura administrativa é estimular cada empresa, cada família e o próprio governo a ter reservas financeiras suficientes para enfrentar as crises do futuro. Se uma crise pode durar um ano, não é muito difícil calcular as reservas necessárias para anular seus efeitos.
TODAS as crises foram nefastas para o Brasil porque nossas reservas sempre terminaram antes. Criar reservas nunca foi nossa prioridade; nossas prioridades são sempre econômicas, como essas "metas" de inflação. Tanto é que nossas reservas são novamente ínfimas: 18 bilhões de dólares. A China vive uma fase de prosperidade porque possui nada menos que 420 bilhões de dólares, o suficiente para enfrentar a pior crise que se possa imaginar.
Se você quer ter um celular, uma impressora e não quer viver assustado com capitais voláteis, proteja sua família criando uma boa reserva financeira.
Ninguém sabe como será o amanhã, exceto que teremos muitas crises pela frente. Se você tiver zero de reservas familiares, a crise o afetará 100%. Quanto mais reservas você tiver, menos ela o afetará. Quem enfrenta uma crise sem ter reservas acaba contraindo mais dívidas, como sempre acontece com o Brasil.
A não ser que ganhe um salário mínimo, você não tem desculpas para não ter uma reserva financeira constituída. Você tem a obrigação de proteger sua família da volatilidade da vida. Embora tentem, os governos nunca conseguirão defendê-lo a contento.
Vou bater na mesma tecla: crie um colchão de segurança que garanta entre seis e doze meses de sustento para você e sua família, e deixe que as crises passem ao largo. Justamente porque as reservas do Brasil andam baixas, você deveria se preocupar, e muito, em aumentar as suas.